Com mais de 17 mil focos de incêndios em quatro meses, o Brasil teve este ano o pior quadrimestre de queimadas desde 1998, quando os índices passaram a ser contabilizados no País. Foram exatas 17.182 queimadas de 1º de janeiro a 30 de abril, um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023, quando houve 9.473, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe).
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Por que o número de queimadas aumentou significativamente este ano?
Em 2002 tinham sido 8.096. O recorde anterior havia sido em 2003, quando houve 16.888 focos no primeiro quadrimestre.
Por que o Brasil enfrenta esse triste cenário em relação às queimadas?
No ranking sul americano, o Brasil está atrás apenas da Venezuela, que teve 36.667 focos, e é seguido pela Colômbia, com 11.923. Na segunda-feira, 29, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima declarou estado de emergência ambiental em razão do calor e da seca em18 Estados brasileiros e no Distrito Federal.
Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a medida foi antecipada devido às condições propícias para incêndios no Pantanal, que ocupa territórios dos dois Estados.
Quais são as medidas sendo tomadas para combater esse problema?
Para a meteorologista Ana Paula Paes, pesquisadora do Inpe, além da ação humana em desmatamentos e no uso irregular do fogo que propiciam a ocorrência de incêndios, um fator climático favorece o cenário mais crítico este ano: o fenômeno El Niño vem causando redução de chuvas e ondas de calor principalmente na porção norte do País. A expectativa é de melhora nessas condições a partir de maio.
Qual é a previsão para a situação ambiental nos próximos meses?
A Amazônia, nosso bioma mais representativo, responde por mais da metade das queimadas (52,2%) no quadrimestre, com 8.977 registros. O Cerrado, segundo em extensão, teve 4.575 (26,6%). Na Mata Atlântica foram detectados 1.768 (10,3%) e no Pantanal, 653 (3,8%) - estes dois biomas são os ecossistemas mais ameaçados do País.
A Caatinga teve 1.127 focos (6,6%) e o Pampa gaúcho, 82 (0,5%) segundo dados do Inpe.
Por Estado, o maior número de queimadas foi registrado em Roraima, com 4.609 focos, alta de 281% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram 1.209. O Estado que abriga o terra indígena yanomami, tem fronteira com a Venezuela, país recordista em incêndios no quadrimestre.
Quais são as regiões mais afetadas pelas queimadas e como elas estão lidando com essa situação?
Para a meteorologista, por influência do El Niño, houve redução de chuvas principalmente no leste e norte da Amazônia, aumentando a probabilidade de incêndios florestais.
“Tivemos também muitas zonas de calor intenso. Esses fatores, aliados à dinâmica já conhecida de desmatamento e ação de garimpeiros, explicam o aumento das queimadas, principalmente em Roraima”, disse ao Estadão.
Ela lembrou que no Nordeste e em regiões do Centro-Oeste as chuvas também estiveram abaixo da média. A expectativa é de que o El Niño perca força a partir de maio.
Em março deste ano, o governo de Roraima decretou situação de emergência em 14 dos 15 municípios em razão da seca.
O que os governos locais estão fazendo para lidar com a situação de emergência?
De acordo
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